domingo, 17 de maio de 2009

Como é difícil mudar o que o Google diz a respeito de alguém

Você já experimenou colocar seu nome no Google? Faça isso e surpreenda-se. Com alguma sorte, você irá se identificar com os resultados, o currículo Lattes, um concurso realizado, talvez um blog. Agora, se você não gostar nada dos resultados, cuidado: é muito difícil mudar o que o Google diz a respeito de alguém.

Imagine, por exemplo, que Paulo Maluf consiga convencer o partido dele a lançá-lo candidato a presidente em 2010 e faça um acordo com as grandes redes de TV, rádio e jornal para apoiá-lo. Ainda assim terá um obstáculo enorme pela frente: o Google. Experimente colocar "Paulo Maluf" no Google e você verá que já na terceira citação o nome dele está associado a corrupção com um título nada agradável: "Mapa da corrupção: Paulo Maluf". Depois vem uma versão escrachada da Desciclopédia (uma bobagem que pegou, como muitas bobagens pegam na internet) e um comentário de um post associando-o com a Ditadura Militar (interessante que esse post está numa entrevista da Veja São Paulo com Maluf, mas a entrevista não é destaque no Google, o comentário sim...). Em seguida vem uma matéria novamente associando seu nome à corrupção, outra lembrando que ele é o candidato que responde a mais processos do Brasil e até uma relacionando seu nome a bebidas. Isso só entre os 10 primeiros resultados!

Se serve de consolo a Maluf, Bill Gates, muito mais rico, famoso e respondendo a beeeeem menos processos, também é alvo das "fofocas do Google". O terceiro site que retorna se buscarmos seu nome tem no título "Bill Gates é o Anticristo. Ele é a própria besta do Apocalipse...". E até a busca por Jesus Cristo retornará, também no terceiro item, uma página com o título "Jesus Cristo nunca Existiu".

Empresas de renome e forte, forte não, ENORME investimento em marketing também sofrem com os resultados googleanos. O Mc Donald's, por exemplo, apesar de se esforçar para criar boas referências com mais de um site próprio no Brasil (mcdonalds.com.br, mcentrega.com.br...), já na primeira página do Google vê os fantasmas da maledicência com resultados como "As coisas da McDonald's: hambúrgueres são feitos de ..." e o headline do verbete da Desciclopedia: "McDonald's é uma rede de fast-food que vende comida envenenada para criancinhas, o que naturalmente fez com que se tornasse a mais popular rede de fast-food".

No caso da busca por Nike, o quarto site sugerido pelo Google é o "Boycott Nike Home Page", que afirma na headline: "Nike factories continue to abuse its workers and violate their labor rights". Esse site, apesar de estar em inglês, aparece antes mesmo de um blog criado pela Nike Brasil, o nikecorre.com.br, certamente já criado com o objetivo de figurar nos primeiros da lista do Google e empurrar para baixo sites com referências negativas.

Para finalizar, um exemplo brasileiro, a Casas Bahia, uma das maiores anunciantes do país. Os cinco primeiros itens são favoráveis, e todos claramente institucionais, criados pela própria empresa: o site, canal do YouTube e verbete da Wikipedia. Mas logo a seguir vem um site sobre "Chato das Casas Bahia", uma notícia dizendo que a empresa demitiu seu garoto propaganda por ele participar de uma passeata gay e, o pior de todos para a empresa, um post de fórum chamado "Quer pagar quanto ??? AS CASAS BAHIA SE FERROU!!!!!", que conta de um advogado que teria ido numa loja e pago R$ 1,00 por um eletrodoméstico, alegdando que aquilo é o que ele podia pagar, e como a propaganda dizia "Quer pagar quando? aqui vc paga o quanto vc pode!", ele levou o produto. Isso tudo, claro, nos primeiros 10 sites da busca!

Enfim, a internet aos poucos é mesmo um espelho do mundo, e o Google seu reflexo mais preciso. O que as pessoas falam se torna tão importante quanto o que as empresas se esforçam por dizer, e as instituições aos poucos vão aprendendo a conviver com essas lendas, maledicências, reclamações tornadas públicas, muitas vezes autênticas mas muitas vezes criadas por agências de propagandas preteridas ou ações de marketing dos concorrentes (sim, há isso também...).

Para os consumidores, pelo sim, pelo não o melhor é desconfiar sempre. E para os empreendedores resta o lema dos escoteiros: sempre alerta.

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