terça-feira, 2 de junho de 2009

Ascensão e queda dos campeões de venda

O segundo capítulo de "A Cauda Longa", de Chris Anderson, traz uma interessante reflexão mostrando que a cultura dos hits é uma construção recente, da Era Industrial que em pouco tempo chegou à cultura. O natural não é milhões de pessoas ouvirem meia dúzia de celebridades, e sim meia dúzia de pessoas ouvirem milhões de artistas, muitos locais, próximos a nós, que tocam em bares ou, hoje, publicam suas músicas no My Space.

O começo do capítulo já é interessante: "Antes da Revolução Industrial, quase todas as culturas eram locais. A economia era agrária, o que distribuía as populações com tanta dispersão quanto as terras disponíveis, e a distância dividia as pessoas. A cultura era fragmentada, gerando sotaques regionais e músicas folclóricas. A falta de meios de comunicação e de transportes rápidos limitava a miscigenação cultural e a propagação de novas ideias e tendências. Essa foi uma primeira era da cultura de nicho, determinada mais pela geografia do que pela afinidade".

O rádio, afirma Anderson, já promoveu a ascenção de estrelas nacionais, mas foi com a televisão que deu à cultura passos de ganso. "Nas décadas de 1950 e 1960 era seguro supor que quase todo o mundo no escritório tinha visto a mesma coisa na noite anterior". E assim era com o cinema, com a literatura, com a música, onde, aliás, a fórmula de produção artificial de hits chegou ao auge com bandas estilo BackStreet Boys e NSYN. Até que na virada do milênio começaram a surgir rachaduras nessa indústria sempre tão confiante. E prepotente.

Na época, as gravadoras atribuíram o fenômeno à pirataria, mas hoje se percebe que a facilitação da distribuição da música permitiu que milhares, milhões de músicos e bandas disponibilizassem seu trabalho pela internet, pulverizando sobremaneira o mercado e reforçando a criação de nichos. "Hoje", diz Anderson, "os ouvintes não só pararam de comprar tantos CDs quanto antes, mas também estão perdendo o gosto pelos grandes sucessos que até então atraíam multidões para as lojas, nos dias de lançamento".

O resultado é que hoje a gente não sabe, no dia seguinte, o que as pessoas assistiram no dia anterior. Nos EUA, o programa de televisão com maior audiência, CSI, é visto em apenas 15% dos domicílios. Aqui ainda tem as novelas da plim-plim, mas é sabido que não têm mais a mesma força nem a mesma audiência, com tantos canais fechados e, claro, a internet.

Dessa forma, conclui o autor, "estamos construindo cada vez mais nossas próprias tribos, ou seja, grupos cuja coesão decorre mais da afinidade e dos interesses comuns do que da programação padronizada das emissoras". E, como empreendedores, é dentro desses nichos que precisamos encontrar espaços.

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